terça-feira, 13 de maio de 2014

MESQUITEIROS NA ARGENTINA: VISITA A ESCOLA PADRE MUGICA, VIILA 31


Diego, Rodrigo, Monica, Ni, Renata e Chellmi


Rodrigo recitando no sussurradores


nossa hermana


galera nos acompanhando no pátio


galera no pátio


recitando conto para os alunos


ni brisando...


chellmi e ni


MESQUITEIROS NA ARGENTINA
ESCOLA PADRE MUGICA

Como não podia ser diferente, na visita a terra de nossos hermanos, visitamos uma escola pública da periferia de Buenos Aires. A Escola Municipal Padre Mugica. Fomos eu, Monica, Renata e Ni Brisant, pelos Mesquiteiros, além do parceiro Chellmi, do Sarau da Brasa.

A escola fica na Villa 31, uma das favelas mais antigas de Buenos Aires, e tem um contexto especial pois é também o local de atuação e trabalho de uma importante figura defensora dos direitos dos pobres e da classe trabalhadora que foi o padre Mugica, sacerdote e professor argentino vinculado ao Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo e ao movimento de lutas populares da Argentina, nas décadas de 60 e 70.

Padre Mugica foi assassinado a tiros em 11 de maio de 1974, por organizações de extremas direita num ambiente que beirava a trágica Ditadura Militar, que seria instalada pouco tempo depois. E na sexta-feira, dia 09 de maio, estávamos no bairro e na escola que leva o nome de Mugica, e que estava lembrando os 40 anos de seu assassinato.

Só por conta do exposto, dá para entender que não era um dia comum, que estávamos lá dentro de um clima de muito honra e respeito: a história, a memória. Fosse só isso, já teria sido uma visita emocionada, mas teve mais.

Através do convite e organização da Lucia Tennina, professora da cátedra de literatura brasileira da Universidade de Buenos Aires, do apoio dos professores Diego e Liliana, fomos recebidos na sala de leitura/biblioteca da escola pelos alunos e seus “sussurros poéticos”: grandes e longos canos, todos pintados e enfeitados, na qual se ouves os poemas sussurados.

E o mais legal de tudo: os sussurros não são diretos ao ouvido: eles são feitos direcionados a uma mesa, onde vários outros sussurradores estão conectados pelos ouvidos, onde o som ecoa e todos podem compartilhar a palavra. Uma engenharia muito simples, mas muito funcional, muito bonita: compartilhar poemas ao pé do ouvido.

Fomos muito, muito, muito bem recebidos pelos jovens. E onde a língua travou, o corpo, os gestos, a vontade gritou e a comunicação aconteceu lindamente. Seja sobre poesia, novela, literatura, futebol, rap, a molecada se mostrou aberta, interessada: prestativa.

Depois de uma meia hora de atividade e do intervalo, fomos para o pátio para fazer a nossa apresentação geral para a galera e também para recitar alguns versos. E cara, sei que é chavão, mas não tem palavras para descrever aquele momento. Nada que traduza aquele encontro. A gente pode tentar explicar. Por exemplo: ninguém pediu silêncio, falou que tinha que ficar quietos e tal. Mas aqueles mais de 150 jovens e adolescentes que estavam ali, ficaram super de boa, interessados, participativos, olhos brilhando.

Outra coisa: quando deu pouco mais de meio dia, vários deles estavam dispensados para ir embora. Ninguém levantou: preferiram ficar ali, na escola, acompanhando a atividade.

E ao final, um deles chegou com a gente no “palco”, mandou um beatbox e eu, Ni e Chellmi mandamos uns versos. E fomos ovacionados pela geral.

Doamos livros, distribuímos cartões e postais poéticos. Fizemos amigos e promessas: de voltar. você tem alguma dúvida disso? Eu não.

Até breve, Escola Padre Mugica.

Rodrigo Ciríaco

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